Assinado no dia 15 de janeiro pelo presidente Jair Bolsonaro, o decreto que regulamenta a posse de armas no Brasil pode movimentar o mercado de segurança.
O texto cumpre a promessa de campanha do capitão reformado de ampliar o direito a manter armamentos dentro de propriedades privadas. Desde janeiro, todas as pessoas que vivem em cidades com taxas de homicídio superiores a 10 para cada 100 mil habitantes têm a possibilidade de possuir armas em casa, desde que respeitando alguns requisitos, como a ausência de antecedentes criminais.
A empresa PM Cofres, por exemplo, estima um crescimento de 30% a 35% em 2019 em função do decreto, que também exige que as armas sejam guardadas dentro de “local seguro com tranca”, caso haja “criança, adolescente ou deficiente mental” na residência. “Certamente [terá algum impacto], pois o novo decreto exige um local seguro para a guarda da arma. Tivemos aumento na procura de cofres para a aquisição de armas de posse após o novo decreto”, diz Leandro Pimentel, gerente comercial da empresa.
Em seu site, a PM inclusive dá destaque a cofres voltados especificamente a esse segmento, como aqueles que podem ser fixados em armários e armazenar até quatro armas, o máximo permitido por lei. “Sentimos um crescimento na procura de 20% até o momento, e esse número tende a crescer nos próximos meses”, acrescenta Pimentel.
Em meio às expectativas criadas no mercado, a feira internacional de segurança Exposec terá em sua edição de 2019 uma mostra dedicada exclusivamente a armamentos bélicos e produtos correlatos, a Magnum Show.
Organizado pela Cipa Fiera milano, o evento acontece de 21 a 23 de maio, no centro de exposições São Paulo Expo, e cobrirá desde fabricantes de armas até produtores de cofres de segurança, simuladores, coldres e escolas de tiro.
Este último é outro nicho que pode ser afetado pelo decreto de Bolsonaro, já que uma das exigências para a posse é um certificado que comprove a “capacidade técnica” de manusear a arma de fogo.
Segundo Sidnei Silva, instrutor da Associação Desportiva Durval Guimarães (ADDG), de São Paulo, desde janeiro já é possível verificar um aumento na procura por cursos, embora esse movimento ainda não seja “significativo”.
“O custo para se possuir uma arma de fogo não é tão baixo”, explica, dando uma das razões para um crescimento da demanda ainda contido neste início de ano. De acordo com Silva, o aumento no número de alunos deve ser um processo lento, à medida em que acontecer uma “mudança comportamental da sociedade”.
Ele diz que, atualmente, a procura é concentrada em empresários, médicos, executivos e profissionais liberais, uma vez que as classes mais simples “ainda dão prioridades a outras coisas”, até em função do custo elevado para se comprar uma arma no Brasil.
Em alguns segmentos, no entanto, o decreto ainda não produz efeitos. “A princípio, o decreto não mexeu em nada no nosso tipo de arma”, declarou Manoel Dall’Agnol Amantino, diretor-presidente da E.R. Amantino, fabricante gaúcha de armas de caça e esportivas.
O texto enquadra colecionadores, caçadores e atiradores no critério de “efetiva necessidade”, mas a demora e a burocracia para se obter a certificação necessária ainda é um entrave nesse mercado. “Chega a levar até seis meses, isso desanima o pessoal”, ressalta Dall’Agnol.
A elevada carga tributária também faz com que a E.R. Amantino exporte hoje 70% de sua produção, especialmente para Estados Unidos, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Argentina. O diretor-presidente da fabricante aponta que o decreto poderia trazer melhorias que agilizassem a venda de armamentos, reduzindo a burocracia.
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