A GRU Airport, administradora do Aeroporto Internacional de São Paulo, anunciou na última terça-feira (16) que usará câmeras térmicas com calibrador black body no local. O objetivo é identificar passageiros com temperatura elevada (acima de 37,8º), o que pode significar presença da COVID-19.
Os equipamentos foram desenvolvidos pela Dahua Technology, multinacional de segurança eletrônica. Segundo a sua desenvolvedora, sua tecnologia permite maior precisão na indicação da temperatura corporal das pessoas, com margem de 0,3°C. Os equipamentos da companhia já são utilizados em aeroportos na Espanha, Turquia, Chile, Argentina e Colômbia, bem como no metrô de Salvador, desde o dia 1º de junho. Além disso, outros espaços públicos no Brasil já possuem câmeras térmicas.
No entanto, segundo a própria Dahua Technology, o diferencial das câmeras a serem utilizadas no aeroporto em São Paulo é a fonte de calibração constante e em tempo real para a câmera, que leva o nome de black body. Com funcionamento ininterrupto durante todos os dias da semana, as câmeras estão instaladas no portão de embarque do Terminal 2. Por meio de um monitor, agentes da GRU Airport acompanharão toda a operação. Se um passageiro for identificado com temperatura superior a 37,8°C, ele será direcionado ao posto médico do aeroporto para receber atendimento e instruções.
Inteligência Artificial
Ainda de acordo com a multinacional, suas câmeras utilizam um calibrador especial operando com o uso de inteligência artificial, cujos algoritmos analisam a temperatura proporcional à quantidade de raios infravermelhos emitidos por uma pessoa. Assim, é possível medir a temperatura de até cinco mil passageiros em apenas 30 minutos. Utilizando um termômetro convencional, a análise dos viajantes levaria 5 horas.
Aferir a temperatura corporal antes do embarque por meio de câmera térmica é uma das medidas que a GRU Airport vem ofercendo aos seus passageiros contra a disseminação do novo coronavírus. A administradora afirma que diversas outras recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estão sendo seguidas pela concessionária para o combate e prevenção à doença no Aeroporto Internacional de São Paulo.
Como o Black Body atua para garantir a precisão
Quando o assunto são as câmeras capazes de medir a temperatura do corpo humano com precisão de leitura, muito se tem falado sobre a “margem de erro” 0,5°C para mais ou para menos. Mas como garantir tamanha precisão durante um longo período de tempo de uso sem a calibração dessas câmeras? Segundo a própria Dahuan explica em seu site: isso não é possível.
As câmeras térmicas ou termográficas também são conhecidas tecnicamente como câmeras de infravermelho. Elas possuem um sensor especial capaz de converter a radiação infravermelha emitida pelos objetos em imagem visível ao olho humano. Algumas dessas câmeras possuem algoritmos capazes de calcular a temperatura proporcional a quantidade de raios infravermelhos emitido por um objeto, pessoa ou animal. Afinal. todo objeto, pessoa ou animal emite um certo nível de radiação infravermelha, a qual sentimos através da forma de calor. Um objeto quente emite maior quantidade de raios infravermelhos do que um objeto frio, por exemplo.
Dentre os fabricantes de soluções térmicas ou termográficas para medição de temperatura corporal, alguns garantem uma precisão de medição de temperatura de ±0,5°C utilizando apenas a câmera térmica para tanto. Em ambientes controlados, com temperatura e umidade constantes, essa precisão pode ser alcançada, mas ao instalar esses equipamentos em entradas de edifícios, portarias de indústrias, entradas de lojas, shoppings e aeroportos, onde há diferentes incidências de luz solar e temperatura que se altera ao longo do dia, certamente essa precisão não se manterá por muito tempo. A explicação é simples: a cada leitura de temperatura efetuada pela câmera térmica o erro declarado pelo fabricante vai se acumulando e fazendo com que o referencial de temperatura daquela câmera seja alterado. Com o referencial alterado, aquele mesmo erro declarado é agora aplicado em cima de um novo referencial – ou seja, o erro final de leitura vai ficando cada vez maior, podendo chegar a ±1°C ou até ±2°C com o passar do tempo.
FONTE:
YAHOO FINANÇAS